28 de jun. de 2011

Meu chão e meu ar...

Chega de falar de namorado... rs...
Hoje vou falar de algo que tem apertado meu coração tem alguns dias. A avó da Mirna morreu e meu irmão foi na cartomante que lhe disse que meu avô está se despedindo da gente, que ele não quer mais estar aqui. E isso anda me doendo o peito de um jeito que chega me tira o ar. Fazem cinco anos que meu avô mora comigo. Fazem 20 anos que moro perto dos meus avós. Todo dia passava na casa da vovó, pra comer alguma coisa gostosa que ela costumava fazer (algo que com certeza vou levar pra vida de gordinha tensa, sabendo que foi ela que me fez gordinha com seus biotônicos e gemadas, porque criança tem que ser gordinha), ou até pra subir na escada, que ele ligava me pedindo pra ir, falando que ela tinha que morrer mesmo que ninguém ligava pra ela, caso eu dissesse que não podia. Tive avós maravilhosos de ambos os lados, mas morar na mesma rua que os avós maternos é diferente. É escutar a história de como eles se conheceram. É saber o que meu avô gostava de comer. É decorar os hábitos deles, saber que depois do almoço eles iam tirar uma soneca (foi com eles que aprendi a dormir depois do almoço). Minha vida está permeada de lembranças da Dona Ivone e do Seu Carlos.
Eu passaria horas descrevendo tudo o que aprendi com eles. Vovô amava caminhar pela W3, ir a pé em tudo o que era lugar. Vovó cozinhava com um pano no pescoço. Vovó me ensinou tudo o que sei de cozinha. Vovô me colocava pra trabalhar de coroinha da Igreja, organizar o dinheiro da oferta, organizar as hóstias. Com ele também visitei doentes para levar a hóstia sagrada. Vovó me ensinou a costurar. A ser rápida na cozinha. Eles me moldaram em tantas formas que jamais vou poder escrever tudo.
Então, vovó ficou doente depois da morte do meu Tio Catonho (Carlos Antônio). Foram duros dois anos em hospitais. Vivi toda forma de situação com ele. Até troquei fralda. Vi convulsões. Mas meu avô sempre teve um coração fraco e uma saúde mais fraca ainda. Todo mundo imaginava que ele fosse ir primeiro. Depois da morte do meu tio, vovó descobriu a leucemia. O médico nos disse que ela já tinha a doença há 20 anos. Insistimos para que ela não fizesse a quimio. Ela insistiu,então mais dois anos de rodadas em hospitais. Agora mais do que nunca eu virei uma mini enfermeira. Morava perto do hospital, saia do estágio ou da faculdade e ia ficar com ela. Sempre ficava por perto. Eu simplesmente não conseguia não estar ali. Todo mundo se acostumou bastante com o meu apego a vovó. Nos últimos 2 meses de vida dela, éramos somente eu e mamãe trocando no hospital. Meu tio viajando, minha tia com a boca operada e minha outra tia somente alegava que morava longe demais (o que eu acho absurdo). 
Vovó se foi e vovô veio morar conosco. Acho que ninguém sabe exatamente o que isso significou pra nós aqui de casa. Nossa rotina de adaptou ao vovô. Final de semana, quando todo mundo sai, aqui em casa alguém tem que deixar de sair pra não deixar ele só. São muitas coisas para contabilizar.  Assistir novela pra fazer companhia pra ele. Criar o ouvido sensível pra escutar um chamado dele independente de onde ele esteja. Arrumar os remédios de oito em oito dias. Sair pra comprar remédio. Levar no psicólogo. Levar no podólogo. Levar ele pra almoçar fora no domingo, porque ele gosta e ele passa a semana inteira em casa. Comprar a pizza que ele gosta no sábado a noite. Esquentar a água todo dia pra ele tomar chá a noite. E tantas milhares de coisas que a gente já faz de forma tão automática que nem percebemos. Nós mudamos os hábitos para ele e ele nos mudou. Somos uma grande família, igual a da Globo, que tem no começo tinha o avô junto. Ninguém tem ideia do quanto isso significa, o quanto isso muda tudo. 
Não no sentido de responsabilidades. No sentido de respeito, de dar boa noite (pedir benção) todo dia pra ele. Apresentar nossos amigos pra ele. Trazer o namorado para ele conhecer. Sair no meio do banho para ele usar o banheiro. Com ele aprendi o respeito aos idosos, de verdade. De saber o tanto que a vida deles é mais difícil.
Muda no sentido que temos dois pais. Porque o vovô quer saber como foi a minha viagem. Quer saber como foi o feriado quando ele estava na casa dos meus tios. Ele quer indicar um remédio para quando estamos doentes. Quer me dar um dinheirinho quando faço agradinhos para ele. Tudo acontece no meu dia a dia de forma tão automática há cinco anos. Não dá pra contabilizar agora o tamanho do buraco que vai ficar na hora que ele for.
Tento me educar, pensar no Budismo que nos ensina que cada um tem o seu tempo. Penso no Espiritismo que nos ensina que minha avó está esperando ansiosa por ele, e que de alguma forma irei revê-lo. Penso no Cristianismo que nos ensina que a morte não é o final. Mas nenhuma dessas religiões, credos, filosofias, vai preencher o tamanho do buraco no meu dia a dia que vai ficar. A saudade que vou sentir. Eu planejei tê-lo no meu casamento. Eu quero que meu avô veja meu primeiro filho. Agora, tudo fica abalado, esfumaçado, fora de foco. Não sei pensar nessa possibilidade sem segurar um choro bruto e intenso dentro de mim. Paro de escrever agora, porque eu vou chorar!

27 de jun. de 2011

Todo mundo merece...

Nem sempre se sabe contabilizar as próprias qualidades. Nem sempre as pessoas sabem se olhar no espelho e ver a grandeza de si mesmas. A maioria de nós aprendeu a se ver no espelho, ver os defeitos, aquela gordurinha que não gostamos, aquele ângulo na qual parecemos estranhos.E por isso que, como diz uma grande amiga, que aprendemos a viver de migalhas. Não sabemos o tamanho do pão inteiro que valemos.
Mas de vez em quando, muitas vezes por pura sorte, nos deparamos com alguém que nos vê grande. Que nos olha nos olhos, nos beija em toda oportunidade possível, que abre mão do seu orgulho para pedir desculpas, que nos alisa a pele como se o fizesse por ela, e não pela sensação que ele tem. Muito raramente nos deparamos com alguém que nos dá carinho sem perguntar ou cobrar de volta. Que nos liga somente para saber porque você não entrou no msn ontem a noite.
Mas humanos do jeito somos, resolvemos nos atentar para os defeitos do outro. Começamos a implicar, criar justificativas para não estar com com ele, por causa daquele defeito chato. Porque sim, todo temos defeitos. Resolvi então ser diferente. Me peguei me afeiçoando aos defeitos dele. Me peguei gostando de tudo. Já me acostumei com as cuecas feias dele. Com o fato de ele não usar perfume. De ele não fazer a barba no fim de semana. Gosto da simplicidade dele. De ele não falar o português correto. Talvez, por ele ser imperfeito, eu não me sinta tão mais pressionada a ser perfeita como eu achava que tinha que ser.
Depois que entendi isso, descobri que todo mundo merece alguém que nos dê carinho, que se importe, que faça questão, que goste de você de pijama e cabelo desarumado, que te beije de manhã cedo pra te acordar, que te ligue por saudade, que não precise falar que te ama, mas que demostra de todas as formas. Decidi que vou saber apreciar ele e me deixar levar. As vezes é tão difícil fazer isso. Pelo menos pra mim. Acho difícil me doar por inteiro. Medo bobo, agora que tenho certeza de que de nada vale a viagem se você não aproveitá-la por inteiro. Resolvi que eu mereço ser amada também.

20 de jun. de 2011

Sexo e a sexualidade

Talvez esse seja um tema incômodo pra muitas pessoas. Mas não pra mim. Eu escuto sobre sexo desde sempre, desde que me lembro de algo. A formação em orientação sexual da minha mãe é a grande responsável por isso. Não, eu não acho que seja totalmente positivo, no meu caso foi, eu soube pesar muito bem o que a vida sexual seria pra mim e não errei. Mas isso tem lá seus prós e contras.
Bom, pra começo de conversa, eu tive um problema sério com a minha sexualidade bem cedo: meu seios. Eram enormes, peitões grandes e os garotos ficavam malucos neles! Ai que raiva que eu tinha! E eu morria de vergonha deles. Tive um namoradinho de leve, mas ele ficava louco pra transar e eu, nos meus 16 anos, não conseguia nem imaginar deixar alguém ver meus peitos quanto mais pegar neles. Morria de raiva deles, eram enormes, cheio de estrias, caídos (ao menos na minha percepção), grandes demais. Eu os odiava. Com certeza isso influenciava em tudo.
Acho que as pessoas me criticaram muito quando eu resolvi operar. Mas ninguém tem a noção do que é viver com esse tipo de problema, qualquer blusa fresca vira decote. Você tem um decote permanente em todas as blusas que não são gola alta. Mesmo que você esteja de gola, todo mundo, incluindo mulheres e homens, vão olhar pros seus peitos. Sem exceção. Comprar roupas é um martírio. Biquini? Quase fora de cogitação! E eu vivi isso por 5 anos! Pode não parecer muito. Mas foi e muito. E me atrapalhou demais, inclusive na minha vida amorosa e sexual. Que era sempre inexiste ou nula (até porque eu tinha outras questões com meu corpo).
Com 19 anos meus pais resolveram me dar o maravilhoso presente da cirurgia plástica. E foi justamente no meio da faculdade. Foi o momento perfeito. Acho que nunca vou esquecer o dia em que acordei na clínica e a enfermeira me levou para tomar banho e eu olhei meu corpo no espelho e quase não acreditei! Era lindo, foi a primeira vez que eu realmente gostei do corpo que eu tenho.
Mas a minha sexualidade não começou ai. Talvez depois de operada eu comecei a cogitar a ter algo sexual com alguém. Mas acho que a minha sexualidade começou mesmo quando descobri as maravilhas da masturbação que eu considero a melhor brincadeira de todas. Na nossa sociedade ainda é um tabu mulher falar disso, mas eu acho tão natural, tão pessoal e tão bonito. Sem contar que conta mil pontos para a própria saúde porque você tem que se tocar e como a gente não olha muito pra essa parte do corpo, é fácil identificar pelo toque qualquer alteração que pode indicar inclusive uma doença. Fora que é uma delícia.
Faço disso uma prática habitual, no chuveiro, antes de dormir, depois de dormir, quando estou afim! É muito bom, o probleminha é que nós mulheres precisamos de uma combustível pra ligar o motor da imaginação. Sim, somente imaginando já é bastante combustível!
Para melhor explicar: homens precisavam ver, mulheres precisam sentir. Não tem melhor combustível para uma mulher do que estar com alguém que ela goste. Eu particularmente não vou negar que sim, podemos fazer sexo por sexo, porque estamos com vontade! Já fiz uma vez e foi bom. Mas só isso, bom. Enquanto sexo com alguém que eu gosto já foi de bom à fantástico, aterrador, maravilhoso e enlouquecedor.
Acho que sou uma pessoa aberta a experiências sexuais, gosto muito de sexo e por assumir isso e até falar disso num nível natural muitas vezes sou interpretada como uma ninfomaníaca. Bom, não que eu não seja (kkk), mas é que eu já ouvi coisas do tipo "cara, sério, sonho em transar com você". E já escutei muito. Só porque ouso falar de sexo com naturalidade, eu diria até como um homem, porque assumo do que gosto sem medo das interpretações. E todo mundo pensa que eu sou uma deusa na cama. E não é bem assim!
Não, eu não sou tão aberta assim, jamais dividir a cama da pessoa que ama com outra pessoa, seja traindo seja numa ménage. Não sou muito fã de sadomasoquismo. Nem de coisas muito bizarras. Mas tenho lá minhas fantasias. Não sou fã de totalitarismos na cama, nem de submissões totais. Gosto da troca de papéis.
De resto, acho que hoje tenho uma vida sexual maravilhosa, com sexos fantásticos proporcionados por mim (quando sozinha, porque é quase um exercício) e pelo amor que é o meu namorado (porque sim, ele sabe me agradar como ninguém). Mas talvez o sexo que eu tenho é maravilhoso porque gosto dele. E transar com alguém que a gente gosta é tããããooo melhor! rs
E viva o sexo! Rs