9 de nov. de 2014

Meu pobre coração que vive numa garrafa...

Tenho sentido uma imensa carência esses dias. Carência de algo que eu experimentei tão pouco, uma vontade de viver um amor em paz. Diferente do que eu gosto, a intensidade dos dias malucos, dos sentimentos extremos, sinto falta de um relacionamento que funcione à luz da paz. Mas a cada dia que passa de fato entendo que o problema esteja e sempre esteve em mim. Meu lado super racional que me domina, me fez esse ser tão racional que racionaliza até o que sinto, que procura razões racionais em todos os sentimentos, nos motivos para desapegar ou nos meus fracassos amorosos.
Mas enfim voltei a frequentar ao templo, foi como acordar de fato, o campo visual parecia alargado, havia aquela sensação de que por dentro de repente, tudo tinha ficado em ordem. E na minha conversa com a monja percebi de que preciso ser menos dura comigo, algo que freqüentemente repito mas quase nunca consigo. É um vício, aprendi a ser esse ser que vive na extremidade, que gosta do ar rarefeito do parapeito, que se exalta com o sexo casual de sábado a noite, que parece amar tudo que é extremo mas ainda assim mantenho meu lado emocional dentro da minha própria garrafa.
Exatamente como o conto do fazendeiro que prendeu o lindo ganso dentro da garrafa e nao pode quebrar a garrafa para tirá-lo de lá, eu prendi meu emocional, a parte mais sensível de mim, dentro de uma linda garrafa de vidro. Porque prendi? Porque meu lado emocional é frágil, é uma luz infinita que mora nesse peito que carrega capacidades incríveis, capaz de fazer pelos outros aquilo que sequer faz por si, que se apaixona de forma tão intensa que me chega a ser danosa. Esse lado que por ser frágil, eu tive medo e prendi. E me dói vê-lo assim, diversas vezes as lágrimas alcançam meus olhos porque o racional nao sabe lidar com ele, o desmerece, arruma todo tipo de crítica das mais duras possíveis, para que ele continue onde está, dentro da garrafa.
Assim ele permanece lá, ontem durante todos os momentos em que eu dormi nos braços do outro, ai, o coração lá dentro fechou a cara, gritou o nome daquele que ele gostou, e eu tampei a rolha pra não escutar os clamores, e poder me perder em mais um sexo barato, em mais uma cama desconhecida, em mais uma noite que não muda em nada a minha vida, mas que faz mais uma camada de vidro na minha garrafa.

7 de out. de 2014

Um tempo tem que acabar para outro começar (ou ao menos eu penso que seja assim)

Nunca pensei que alguém pudesse de fato me fazer repensar tudo, tudo que já quis, os planos, metas, jogar tudo fora e fazer tudo novo.
Mas acho que nunca é tarde pra isso.
Devo agradecer ao último por ter me ajudado nisso. Talvez eu só tenha revisitado todos os meus sonhos nos últimos dias porque finalmente enxerguei que enquanto eu não colocar os limites em tudo mais que eu vivo e nas pessoas que me rodeiam, elas vão me esmagar, vão colocar suas expectativas, te tratar ao seu bel-prazer. Foi assim que eu me senti até agora.
Joguei tudo fora, tudo o que eu achava que não me pertencia, joguei fora as ideias de casar, filhos, casa, porque não posso continuar sonhando com coisas que não posso conquistar sozinha. Nunca mais. É o que repito todos os dias. O mundo se parece grande demais, e eu me sinto muito pequena aqui parada nessa cidade. Escolhi minha palavra favorita daqui pra frente: desbravar.
Não vou mentir, ainda em metade do tempo, me pego pensando sem querer nele, nas coisas que quis e sonhei. Mas vai passar. Tudo passa, vovó sempre dizia.
Agora vivo um vazio, aonde morava o sentimento imenso que me tomava por inteiro, eu botei nada, deixei livre, que seja ocupado aos poucos pelo que vier, por novos sonhos, novas ideias.
Um dia vou agradecer, à ele principalmente. Acho que foi sensacional sim sentir um sentimento imenso e saber que eu me impedia de sentir isso. Foi sensacional sim. Foi maravilhoso, mas foi tão terrível enfrentar todo o resto. Todos os dias que eu esperei, rezei, implorei pra que fosse diferente desta vez, mas nunca é. Chega um ponto tão visível, é tão claro o quanto o outro me machuca, que nem mesmo eu posso continuar. Foi ótimo descobrir isso tudo, melhor ainda foi sofrer até o ponto que ir embora não era mais opção, era proteção, era uma tentativa de manter minha sanidade.
Sinto falta, mas não apenas a falta costumeira, ele tinha sim umas sacadas boas, uma sensibilidade natural de ver o mundo de uma forma mais como eu, a falta sim é dele, mas também tem uma capacidade incrível de não enxergar o que faz com os sentimentos dos outros, não enxergou nem um pouco como me machucou, magoou, iludiu, esse tempo todo. Porque não posso acreditar que enxergou, nunca vi maldade ou intenção nas coisas que ele fez. Esse tanto vou me permitir enganar. Não acredito de fato que ele tenha agido a fim de me machucar, mas fez, várias, inúmeras vezes. Nunca me cedeu a cortesia que eu mesma fiz a tanta gente, um simples "não dá, não agora, segue teu rumo, boa sorte" teria me bastado uns meses atrás.
E até essa saudade vai passar, passa não é? Eu preciso acreditar que passe.
Agora é tempo de outras coisas, tipo, desbravar.

13 de set. de 2014

Eu não moro mais em mim

Me sinto pela metade. Nunca a Calcanhotto me definiu tão bem.
Porque diabos sinto que não houve fim? Porque existe aqui dentro uma sensação de que isso tudo não é o fim?
Hoje o dia passou irritadiço, um choro grudado, estancado, gritado e preso ficou aqui. Talvez a sensação de não-fim seja a minha falta de aceitação do nosso fim.
Porque no fim das contas, não importa mais. Preciso dar o grito final por mim, porque não tem como existir um relacionamento com alguém que não me coloca como prioridade em nada. Me machucou como ele ficou irritado por eu ter saído com outras pessoas. Mas nunca doeu nele todos os fins de semana que fiquei em casa embalada pela vontade de estar com ele. As saídas foram mega fugas. Ele estava lá comigo, quando comparava como o sorriso dele era mais bonito, ou como o cheiro dele parecia permear o tempo todo, ou como eu nunca consegui ficar desconcentrada perto dele, porque tudo é ele. Era ele.
Hei de aceitar nosso fim, por mim enfim, não por ele.
Porque mereço ser amada em minha completude, porque quero ser amada sem pensar, como se a pele do outro fizesse parte de um sistema inteiramente novo, onde eu pudesse me perder nele, onde eu pudesse só eu e só eu já fosse muito.
Mas nunca foi suficiente, nunca fui o que ele quis, nunca fui o que ele escolheu.
Quem sabe se eu soubesse certamente dos motivos dele eu tivesse mais paz. Sinto que nunca houve espaço porque a que veio antes ainda morava lá e ele nunca assumiu isso.
Mas ainda agora nesse meu rosto abatido, eu não consigo deixar de me culpar, de sentir que talvez eu não tenha conseguido conquistar ele suficientemente. Faz parte do meu hábito.
E ainda agora enquanto o TLC mostrava destinos de viagem, eu devaneei de fazer uma viagem com ele. Não consigo aceitar emocionalmente. Na minha razão sei que fiz o certo, sei que não dá pra continuar insistindo em alguém que não me escolhe, que não tem coragem o suficiente pra me escolher, que não teve a audácia de se arriscar pra que eu pudesse amá-lo de fato.
E esse amor absurdamente imenso que agora toma meu peito como seu, que rasga, embola, retumba, dói inteiro por conta dele, ele que nunca me quis, ele que nunca me deixou, ele que me rejeitou várias vezes, ele que me deixou esperando várias noites, ele que nunca mereceu, o oceano que sinto é dele. Desgraçado. Hijo de puta. Tenho vontade de amaldiçoar ele inteiro por ter tido o meu amor por inteiro, o amor que nunca me deixei dar, ele que nunca quis nada disso, fui dele mais que de todo mundo. Desgraçado.
E mesmo agora sentindo raiva de mim por ter amado ele nesse grau imenso, nesse grau sem medida que machuca, machucou todos os dias nesses últimos seis meses. Nesses meses onde aos poucos me machuquei muito, mais que os outros, por alguém que nunca me amou.
Não consigo imaginar que ele tenha sequer gostado de mim, porque então eu fico louca. Como entender alguém que goste de mim mas me manteve à distancia esse tempo todo?
Preciso me contentar, preciso aceitar, preciso enxergar por mais que ainda exista aqui tudo isso que sinto, por mais que eu me sinta partida, vazia, arrombada por dentro, eu deixei que ele fizesse isso tudo.
E sei também que não pude escolher racionalmente, me apaixonei por ele todos os dias, de uma forma irrevogável.
Eu só posso pedir, orar, implorar pra qualquer força divina que um dia pedi pra ele que fosse meu (veja o tamanho do absurdo, nesses meses eu cheguei até nisso, até pedir pra Deus que ele fosse meu porque ele nunca me entregou a totalidade dele), agora peço pra que ele não se torne um fantasma que todo os outros dele tenham que se assombrar, pra que ele não seja a pessoa que penso antes de dormir todas as noites, pra que os sonhos com ele cessem.
Esse sentimento me sufocou dia todo, vai me sufocar por vários dias. Vai ser difícil aceitar que embora eu ame ele agora mais que tudo, que eu queira ele mais que eu já quis alguém, que eu seja dele num grau imenso, não aceito ser eu só a me entregar, não aceito que só eu sinta isso.
Já fui refém de um sentimento assim, me recuso a ser novamente.
Meu deus como dói.
Fazia anos que não doía assim.
E apesar de eu cogitado hoje que a minha existência seja um descanso divino, por mais que eu tenha me odiado mais que amado ele. Eu sei que vai melhorar, sei que vai chegar naquele ponto onde a dor se torna acalento.
Respira, um dia vai passar, e se não passar, vc aprende a viver de novo.

29 de jul. de 2014

Conto 01

"Ela entrou no quarto do motel em minha frente. Em todo o caminho, apoiei a mão na parte baixa de suas costas e senti todo o seu nervosismo. A musculatura dela estava totalmente tensa.
Ela entrou, colocou a bolsa na mesinha de canto. Achei corajosa, geralmente elas sempre se protegem com a bolsa. Ela sentou na ponta da cama simples, no quarto branco e com apenas uma janela. Tranquei a porta. Me virei e a vi sentada, como se houvesse alguma espécie de casualidade naquele nosso encontro. Mas só era a nossa primeira vez, nosso primeiro encontro. Ela veio vestida de acordo com o combinado, provocante e no entanto recatada. Agora, ela encara o chão e parte do seu rosto permanecia escondido pelos cabelos. Desliguei todas as luzes, peguei algumas das velas que ela trouxe e acendi algumas na mesma mesa do canto onde estava a bolsa dela.
Ela sentada, me observava.
- Onde está o lenço que eu te pedi?
- Aqui.
Ela retirou o longo lenço azul e delicado da bolsa, era mais que perfeito para ela. Combinaria bem.
- Fique de pé, de costas para mim.
Ela obedeceu de pronto, não havia nem sequer um sinal de hesitação e eu sorri com essa constatação, dobrei o lenço de forma que ele ficasse espesso. Coloquei o lenço em torno de seus olhos, agora vendada, ela respirava mais rápido, dei um nó firme mas não apertado demais.
Pude então me dispor a observá-la. Meias pretas e uma saia muito curta e colada, salto muito alto e preto, uma blusa colada e preta com duas borboletas prateadas bordadas em cada ombro.  A brancura de sua pele ficava realçada em cada pedaço de pele mostrada. Seus lábios grossos estavam tensos, suas mãos longas e femininas, ela as colocou pra trás como se eu a tivesse pedido. Submissa e nem percebia, naturalmente submissa, um tipo raro de se ver. Seus cabelos longos, ruivos e encaracolados pareciam emoldurar o rosto lindo e os olhos de um verde profundo, por detrás da venda. Ela me parecia uma visão.
E por mais que a roupa denunciasse suas formas curvilíneas e generosas, eu senti por dentro o desejo crescer vagarosamente, enquanto passeava meus olhos por ela. Panturrilhas generosas, pernas grossas e definidas, quadris largos em proporção, uma cintura afinada, seios mais que generosos, um colo liso e um rosto de anjo. Mas eu já havia visto aquele tipo de fogo nos olhos dela, havia a tentação, havia necessidade e algo mais que eu anda não havia definido. Agora o show podia começar.
Caminhei por ela, fiquei atrás dela, baixei meu tom de voz para aquele tom que vem de dentro de mim, daquele meu lado que estava ansioso a tarde toda por essa noite, aquele que domina. Encostei meus lábios em seu ouvido e mesmo baixo, senti o meu tom mais firme surgir.
- Você sabe que daqui para frente não há mais volta, uma vez que se deslumbra a escuridão, se perde a inocência. - Ela apenas concordou com a cabeça, seu nervosismo fazia sua respiração cada vez mais rápida. A venda era em parte uma ajuda, para que ela pudesse se libertar um pouco do choque de me ver.
Sentei-me na cama, ela estava a dois metros de mim. As mãos ainda para trás, se contorciam.
-Se dispa. Vagarosamente. Quero ver o que agora vai passar a ser meu.
Sei que o seu nervosismo não lhe permitiu que fosse graciosa, ela fez como um gesto mecânico, de tirar as roupas para o banho ou algo do tipo.
Desceu do salto, baixou a saia e a meia calça preta. Estava vestindo uma calcinha preta, e sua pele era ainda mais alva do que eu imaginava. Tirou a blusa e o sutiã negro realçava as formas dos seios volumosos dela.
Ela agora mantinha as mãos atrás, incerta do que fazer.
- O resto.
Ela então baixou a calcinha e os pelos do seu monte de vênus eram igualmente loiros como os pelos do resto do corpo. Tirou o sutiã e os seios de mamilos rosados já estavam duros, tamanha era a excitação que acompanhava seu nervosismo.
- Dê uma volta, preciso ver tudo.
Vi em seu rosto um certo constrangimento, ora, ainda não tínhamos intimidade e eu sabia que aquilo de  certa forma era difícil, mas eu estava me deleitando com aquela visão. Ela é alta, mas atlética e curvilínea como a maioria das garotas hoje não é mais, enquanto dava a volta, suas nádegas redondas e firmes sequer se balançaram. Eu podia ver os músculos de suas pernas retesados, ela era bela em todas as proporções, uma mulher farta na medida, grande e forte o bastante para aguentar o que eu havia planejado para ela. E mesmo assim eu pude ver a fragilidade escondida nela.
Ela então voltou a ficar de frente. Me levantei, caminhei até ela, passei as costas de minhas mãos pela bochecha dela, e desci pelo colo, até o seio e a barriga. Me aproximei.
- Nunca outro homem vai te tocar assim, você me pertence agora, nenhum outro homem vai tocar você. Você é um sonho lindo que eu tive, agora vou poder saborear cada pedaço de você.
Sentei-me, puxei-lhe pelo pulso, até que eu estivesse deitado e ela em pé na frente da cama, sua respiração mais rápida ainda.
- Suba na cama e se ajoelhe ao meu lado.
Em meio a privação da visão, ela subiu desajeitada e ficou de joelho. Eu pude então me sentar e com as mãos em seus ombros, comecei meu doce caminho pelo corpo dela, esse tipo de saboreio que provém do paladar mais afinado, sei que esse tipo de carícia desperta os desejos mais profundos nas mulheres mas também me deixa zonzo e tenho que ser muito firme comigo para não me perder do plano original.
Passei as mãos pelo colo dela, acariciei de leve o seio direito, passei pela barriga, acariciei uma coxa, e podia ver seu corpo se retesar, a respiração agora muito rápida. Baixei a mão e encontrei seus lábios, mais que úmidos, ela pingava e com apenas um movimento enfiei meu dedo polegar em seu buraco úmido. Ela suspirou com o movimento inesperado, meu deus ela era apertada, meu dedo já era grande demais e eu sentia as paredes dela se apertando mais.
Movimentei meu dedo para fora e para dentro e ela soltou a cabeça para trás e soltou um grande gemido de alívio. Mas logo retirei meu dedo, apenas precisava provar e saber como seria minha jornada nas próximas horas. Não consegui me segurar e chupei meu dedo.
Sentei-me e a beijei, e aqueles doces lábios me envolveram, ela era um doce de infância há muito esquecido, havia eletricidade, e ela me abraçou. Ela beijava tão carinhosamente, seus lábios fartos me deleitavam. Senti todo o meu desejo pulsar apenas com o beijo dela. Passei a caminhar com as mãos pelo corpo dela, ela era igualmente branca e macia, em todos os lugares eu já imaginava sua pele mais rosada, seus gemidos. Tive que parar de beijá-la pois estava perigosamente caminhando para a perda do meu controle, e essa noite eu queria o controle total sobre ela.
A deixei ajoelhada e me afastei, fiquei de pé, atrás dela, e massageei os ombros, os braços, voltei aos ombros e desci aos seios, quase não cabiam em minhas mãos. Desci para a barriga e não pude me conter de alisar as pernas fortes dela, já podia imaginar ela por cima de mim.
A coloquei de pé, e vagarosamente, a guiei até o banheiro.
- Algum problema em molhar seus cabelos?
- Imagina. Nenhum.
A coloquei de pé debaixo do chuveiro, e apesar da pouca luz, me parecia uma cena de filme, abri o chuveiro e ela apenas inclinou a cabeça para trás, e mesmo com a venda, ela ficou parada, enquanto a água molhava o corpo dela. Fiquei calado e ela nem sequer mexeu na venda.
Suas mãos estavam cruzadas e ela docemente me esperava, parecia feita sob medida para o meu tipo de espera. As mulheres gostam da espera e essa é uma arte difícil de dominar, geralmente somos dominados pelo desejo e queremos partir para os finalmentes, mas a doce espera, as deixa completamente zonzas e gritam mais longamente.
Enquanto me deliciava com a visão dela debaixo d'água, me atentei à voltar ao plano inicial.
- Fique aqui, não retire a venda e permaneça no mesmo lugar, nem se mova.
Voltei ao quarto, respirei fundo, precisei me concentrar e me lembrar de todo o meu estudo e treinamento, a primeira noite se torna crucial porque é quando se começa a conhecer a sua submissa, os limites e ganhar a afeição dela. E quando também começo a me apaixonar por ela, e perceber a beleza única que cada mulher carrega.
Retirei minhas roupas e vislumbrei minha ereção massiva, dura feito pedra, pedindo por aquele corpo que pacientemente me esperava.


27 de jun. de 2014

Um novo recomeço

Recomeço é algo que conheço, esse sentimento não me é de nenhuma forma novo, mas toda vez que tenho que me deparar com essa ideia, entendo cada vez melhor que juntar os cacos é necessário mas talvez deixar que os cacos não se espalhem seja mais importante. Cada vez mais eu tenho permitido me envolver com pessoas que sentem não só à vontade como que quase no direito de me magoar de todas as formas possíveis. E sinceramente, em todas as vezes que me permiti envolver, fosse o grau maior ou menor, eu me dediquei de corpo e alma, talvez por poucas vezes tenha de fato de entregue totalmente, sempre houve uma parte de mim que não controlo, que só se abre para uns poucos. E nunca, nem uma única vez eu fui correspondida nisso. E já está em tempo de parar. Todas as vezes eu me decepcionei, me machuquei e no fim fiquei catando os cacos que ficaram pelo chão. Comecei a perceber um certo padrão. No começo sou desconfiada, mas algo simplesmente me impede de permanecer nesse estado por muito mais que um dia, então vem o salto do precipício, a adrenalina me empolga e então me taco. Mas eu poucas vezes houve mais tempo de alegria do que de luto, tristeza e dor. Passo inevitavelmente mais tempo sarando, curando os buracos, cortes e ferimentos que ficaram do que de fato foi o tempo que me permiti ser feliz. Invejo imensamente as pessoas que vivem relacionamentos que duram um ano ou mais que isso porque isso nunca aconteceu comigo.
Estou de fato me resignando a recomeçar mas de uma forma diferente. Nem tanto, pensando bem. Esse processo de fim sempre é o mesmo, vou chorar, me calar e sumir do mundo, lamberei minhas feridas e separarei o que de fato é meu, então o que é dele pra poder me livrar de ambas partes. Vou esperar a planta forte que foi sendo alimentada durante esses meses, agora já bem seca, espero que de fato seque por inteira, assim a poderei arrancar. Meus términos são definitivos por eu ter seguido esse ritual macabro à risca. Assim, o sentimento morto,  enterrado e o seu luto vivido, posso voltar para os devaneios comuns. O que de fato vou fazer diferente é parar de buscar, parar de tentar encontrar qualquer pessoa que seja para me fazer recomeçar esse processo. Vou me concentrar naquilo que sou boa, naquilo que realmente aprendi a fazer ao longo desses anos, me dedicar aos meu corpo, ao meu espiritual, às minhas buscas, deixar o tempo disponível para pensamentos negativos tão pequeno que seja praticamente impossível de fato tê-los. Gostaria muito de me concentrar naquilo que me faz feliz mas agora tenho um novo plano. Vou me concentrar naquilo que é preciso. Preciso construir à duras penas uma vida independente, começar a preparar meu canto e conquistar a sonhada liberdade. Não é tempo de chorar, preciso de foco. Preciso me concentrar para entrar num tempo de renúncias e sacrifícios. Preciso conquistar aquilo que penso ser impossível, uma vida que sonho faz tempo. Nessa vida eu mudava tudo o que me incomodava, dei passos largos em direção à ela quando consegui perder os trinta e dois quilos que consegui. Agora preciso dar o passo final, sentar a bunda na cadeira e estudar de verdade para começar a vida que eu sei que só eu posso conquistar.

17 de jun. de 2014

You can run away from your problems but you cannot run away from your mind

Mais uma vez somos eu e você papel, somos eu cheia e você branco, e vamos ficar eu branca e você cheio. Porque sinceramente, cansada de pensar tudo sozinha aqui, não poder conversar direito com quem eu gostaria de estar conversando, as pessoas que eu sinceramente tenho conversado não sabem tanto assim sobre mim. Sei também que você não vai me responder nem vai me dizer o que eu deveria fazer, mas qualquer alívio mental dessa confusão que está aqui dentro, já vale.
Sei o que você deveria me dizer, sei o que eu tenho escutado de todo mundo, mas não importa o que todo mundo diga, o que vale sempre é o que eu sinto que eu devo fazer e a sensação de que eu eu já fiz tudo e posso ir embora em paz sempre me aliviou. E é justamente isso que eu não sinto.
Mas cá estou eu, nem lá nem cá, sem saber muito bem o que isso tudo esta tentando me dizer e o que eu deveria estar aprendendo. Tentando mesmo enxergar o que aprender com isso.
O que sei é que eu me sinto perdida, perdida por sentir essa conexão com essa pessoa que eu nem conheço tanto mas tem horas que eu juro que o conheço mais que já conheci as pessoas que amo. Perdida por coisas que eu já senti com ele em tão pouco encontros, coisas que eu nunca tinha sentido, não desse jeito, não como se fosse o certo, não como se fosse exatamente onde eu deveria estar.
Mas também não consigo entender porque estamos nesse ponto, e fantasma da ópera me diria que este é "the point of no return".
Estou sentindo meu coração se recusando a se dispor mais, ele tá precisando de calma, paz, sentir aquela vontade de se jogar porque acha que algo ou alguém vai segurá-lo. E sinceramente, que motivos eu tenho pra acreditar que vai ser diferente, na verdade talvez tenha sido pura devaneio do que eu vivi.
Talvez tenha sido assim com todos, com todos eles, talvez eu tenha vivido coisas diferentes do que realmente foi, talvez eu seja tão ingênua ao ponto de ter que me enganar pra poder viver um pouco da felicidade que eu anseio.
E agora, nessa sala escura, longe de tudo, longe de todos, não posso fugir de você né, maldita mente. Vou ficar pensando nessas coisas aleatórias que por algumas razão escusa eu queria poder dividir com ele. Mas cansei dessa coisa meio termo, desse ponto morno que ele não se importa de viver quando eu sei que eu quero e preciso de muito mais.Não quando eu já provei de como é estar realmente com ele e ouvir ele tagarelar enquanto eu fico notando os charmes nos trejeitos dele, na risadinha ou em coisas aleatórias que mexem comigo de formas que eu mal sei explicar, ou fico vermelha por razão nenhuma e é deliciosamente constrangedor.
Talvez seja melhor assim, aos poucos vou conseguir levantar meus muros e seguir com a vida de novo. Talvez depois dessa nunca haja volta, nunca acreditei tanto e sinceramente, vai ser difícil depois dessa.
E sinceramente, era uma mentira boa, era bonita, eu me enganei bem, até fiz promessas pros seres divinos que eu nem acredito na maior parte do tempo, tamanho foi o meu desespero de perder o que me parecia a pessoa mais inacreditavelmente incrível, bonita, charmosa, que eu senti essa coisa incrível, que parecia a resposta pra todas as preces que eu já tinha feito na vida. Mas o incrível já foi, passou, nunca mais voltou, "foi um veraneio seu, um devaneio meu".
Queria acreditar que ele vai mudar tudo, e vai ser incrível, que ele vai me surpreender de um jeito bom, mas passei boas noites sentada esperando que ele fizesse isso, nas últimas duas eu realmente fiquei esperando que nada disso acontecesse.
Sinto boa parte de mim começar a se convencer de que se o fim chegar tão rápido quanto a noite passa e tão previsível quanto o amanhecer, vai ser bom, vai ser mais um tempo focando em trabalho e ballet, emagrecendo mais, cuidando de mim e construindo muros mais resistentes.
Eu só queria estar errada, só queria uma vez na vida estar muito errada, estar completamente enganada e de que a vida não é previsível, de que de repente por ter sido complicado, por ter resistido, por ter insistido, assim as coisas me testaram pra poder dar valor de verdade.
Só queria que fosse diferente de todas as vezes que eu me destruí no caminho, que tentei, que passei por cima de mim em nome de uma fé cega de que eu podia mostrar pra alguém que eu valia a pena a luta, "worthy of being maintaing at any cost".
Só desejo com todas as minhas forças que ele quisesse e lutasse pelas coisas pra darem certo tanto quanto todas as outras vezes que eu fiz isso sozinha pelos outros que nunca foram apostas boas e mesmo assim eu tentei de tudo porque eu um dia acreditei que eu tinha que fazer de tudo por alguém.
Vou orar de verdade pra que a frase "be careful of what you wish for, you might have it all" seja a maior verdade da vida e que de repente, "the tides will turn, the tables will turn, and all the storm that you have felt, brought you to this point because you had to be here".
Just maybe, just a little bit, I will have what I deserve and I will be what someone deserve.

25 de mai. de 2014

Coisas que eu gostaria de ter a coragem de dizer hoje...

Acho que eu sempre fui meio patética, meio uma boba apaixonada. Lembro como eu gostava de escrever romances apaixonados e imaginar as grandes histórias de amor que eu iria viver. Eu era uma menina doce, ingênua que esperava que um dia as coisas fossem ser diferentes. Foi uma adolescência difícil, existem velhos demônios que eu ainda combato, ainda é difícil ter uma auto estima boa em certos dias, ainda é uma hábito esperar o pior da vida mesmo tendo uma esperança patética de que uma hora a vida vá me dar o que eu sempre esperei. Ainda sou carrasca comigo.
Culpo a Disney e todos aqueles contos de fadas, contaminaram a minha mente. E todos os relacionamentos falidos que tive, só me serviram de uma coisa: aprendi a guardar o romance pra mim. E descobri uma técnica infalível para os dias que eu mais precisar de romance: livros. Tipo essa noite, que eu virei lendo um romance. Ai eu até chego a rir, chorar, me excitar e achar que que nem aquela menina que sofre a história toda, eu também vá ter direito ao meu happy ending.
De todas as pessoas que eu conheci, você sinceramente é singular. Todos os meus relacionamentos eu consegui manter numa barreira, enxergava defeitos e coisas que me incomodavam, usava aquilo como uma parede que me mantinha a salvo de sentir tudo, de me envolver e me entregar 100%. Foi a única forma que eu encontrei de me proteger. E funcionou bem, bem, até hoje. E foi só também recentemente que eu entendi isso.
Por eu ter tido tantos problemas de auto estima, minha vida amorosa demorou a deslanchar, e talvez por isso eu tenha tido experiências com as pessoas que surgiram, eu nunca me senti como se pudesse escolher, sempre senti que deveria ser grata pelos caras que olharam e enxergaram. Patético à beça, eu devo dizer, mas eu sempre me senti assim. E a primeira vez que eu vivi algo meramente recíproco, aquela coisa perfeita, que eu jamais vou esquecer na vida, eu agarrei aquilo com todas as forças. Sofri longos anos por algo que aconteceu 15 dias nas férias da praia. Criei um ser que não existia, acreditei piamente no que a gente tinha vivido, e meses depois, soube que precisava terminar com ele. E a dor que eu senti no peito, só posso comparar à um ataque cardíaco. Só não sabia que aquilo ia me marcar ao ponto de jamais deixar ninguém entrar de verdade.
Depois disso, as pessoas vinham, mas nunca entravam, ele ainda estava lá. Foi duro e ainda hoje vejo o tanto que isso me marcou. Acho que depois do meu ex, que foi o primeiro relacionamento verdadeiramente saudável (dentro do possível), foi que eu comecei a me curar. 6 longos anos pra me curar e acho que ainda tenho coisas pra consertar aqui dentro. Mas meu ex, que hoje é um amigo sensacional, me ensinou que eu precisava de alguém que cuidasse de mim com a mesma intensidade que eu cuido de todos, aprendi que eu queria um alguém que fosse mais como eu.
E foi por isso, que depois de entender o problema que ele tinha com a bebida, e ver que eu não ia ser capaz de fazer ele entender que aquilo era uma doença, eu fui embora tão fácil, tão rápido. Eu finalmente entendi que meu instinto sempre me disse quando ir, quando é tempo de ir sabendo que tudo que podia ser feito foi feito. E foi também depois disso tudo que eu finalmente fui tirar um tempo pra cuidar da bagunça que morava aqui dentro. E ai eu mudei, perdi 30 quilos, encontrei o ballet como realmente o meu hobby, e comecei a viver uma vida que eu achei que nunca ia viver.
Por isso mesmo eu vivo uma fase particularmente muito boa na minha vida, tudo tem mudado, tudo tem sido fantástico e incrível porque eu me sinto uma mulher mais madura, mais consciente de quem realmente sou, me enxergo melhor, me sinto mais tranquila e mais em paz sobre quem sou e o que sou capaz.
Justamente por isso eu insisto tanto em você. Por mais que meus amigos vivam dizendo que eu deveria ir embora, porque eu sei o quanto é difícil encontrar alguém que eu não veja defeitos. Alguém que me fez sentir coisas que eu já tinha esquecido. Alguém que me fez pensar que talvez eu possa ter o final que eu gostaria de ter. Mas essa esperança tá morrendo, e eu tou perdendo o vigor junto. Porque eu tenho tentado ser paciente com os seus bloqueios, mas eu mostrei os meus, não recebi o mesmo tratamento. Simplesmente nem entendo mais porque você ainda me procura, porque se não tem coragem de deixar as coisas acontecerem, porque ainda manda mensagens de bom dia? Porque ainda insiste em ter DR's virtuais? Porque se importa quando fiquei distante?
Nada no mundo me faz entender como você pode dizer que gosta, que quer, mas que não tem coragem. Porque depois de ter sofrido tanto com pessoas que eu não quis, que eu aceitei porque pareciam ter enxergado alguma coisa em mim, quando eu finalmente escolhi algo, falei "pronto esse é o cara, o cara que eu quero acordar junto, que eu quero pensar em filhos e em um futuro junto", quando finalmente tenho lutado por algo que eu quero, que eu sei que pode dar certo, a decisão não está comigo. Nada que depende dos outros na minha vida dá certo, essa é só mais uma delas.
Sinto que você derruba as minhas barreiras, porque a muito tempo eu não tenho sentido essa inquietação, a muito tempo não choro por ninguém. E é dificil pra cacete quando minha mente fica gritando que eu tou sendo idiota, e meu coração acredita tão piamente em você.
O fato de não falar com você por mensagem acaba comigo, quando a gente tá bem é uma sensação de que tudo voltou pro lugar certo no mundo.
Tou aqui, sentada, desabafando como fiz tantas vezes no passado, com minha tela em branco porque ela me escuta e não me julga, não apenas diz "poxa que triste". Acho que talvez eu esteja começando a entender que aos poucos vou ter que desistir de você e caralho, isso tá me matando.
E como meu instinto ainda não acredita, não posso ir embora, não posso ir pensando nos "e se..."se eu for é pra realmente saber que não temos jeito.
Ainda hoje, vou dormir sonhando com a possibilidade de você acordar, decidir me dar oportunidade pra fazer você feliz. Ainda hoje vou dormir triste, vou chorar quietinha porque se tornou muito difícil encarar a possibilidade de ir embora.

23 de jan. de 2014

2014 e as férias diferentes...

Esse ano já começou em tom de mudança. Tudo já mudou em pleno dezembro. Conheci um cara que brilhou meus olhos, meus instintos e até alguns lugares que aqui dentro estavam dormindo. Mas foi um brilho leve, de quem deseja a mudança e a aventura acima de tudo. Mas como sempre, não dou muita sorte (nunca dei não é mesmo, sempre entro nas roubadas que eram pra dar errado).
As minhas férias foram acima de tudo, descanso. E depois, surpresa. Nunca na vida tanto ex-qualquer coisa reaparece (ex namorado, ex dono, ex PA e ex peguete). E por mais que a maioria das mulheres gritem de alegria de em férias com família que são uma profunda calmaria, eu não fiquei feliz com nenhum reaparecimento.  Tá, foi legal alguns reaparecerem, não vou tirar esse mérito.  Mas apenas um deles realmente mexeu comigo. Que não chega a ser reaparecimento, ele se negou a sumir, ele se negou a ir embora por mais que eu tente muito.
Todos esses ex's reaparecem e eu não sei direito ou não consigo enxergar a razão pela qual eles todos reapareceram. Eu sou tão fácil assim? Ou as pessoas sempre se lembram de mim? Não sei nem sequer se isso é positivo. Minhas tendências negativas não me deixam pensar diferente.
Sei que eu passei muitos dias das férias dividida. Tem esse novo, que o olhar tem aquela intensidade que eu preciso, a inteligência que eu aprecio, um jeito dominador claro (e ele nem sequer é consciente disso). Havia nele uma promessa silenciosa, de um sexo inesquecível com aquele toque assustador que sinto falta. Mas há nele também um ar estranho, e agora mesmo eu estando na mesma cidade, ele mal me procura, mal aparece. Talvez nem fique. E por ele eu tive sonhos imensos, de uma aventura que misturasse sexo pecaminoso e momentos puramente ternos e doces. Ainda não desisti mas a cada dia mais, esse sonho desvanece.
E há o outro, que não me larga, não me desgruda, que declara que sou sua, que tenta de todas as formas me convencer, que devemos tentar viver as coisas da forma como pudermos. Mas não consigo, porque por ele arde uma possessão, um desejo de que ele seja meu. E em muitos momentos eu sou dele, mas noutros dias sonho com um amor mais real. Engraçado agora entender que ano passado vivi a mesma situação que no ano retrasado. Homem casado. Mas nem posso fingir que dessa vez é igual, porque a mulher desse nem sabe que eu existo.
Mas quando estávamos conversando na cama hoje, eu quis tanto que aquele momento fosse mais natural, que acontecesse sempre e não mensalmente. Queria muito esse sotaque carioca no meu ouvido mais dias. Queria essa calma que sinto perto dele, esse sexo avassalador que deixa minhas pernas molengas, esse cheiro dele que parece grudar em tudo. Nunca na vida me senti tão à vontade com alguém.
No fim, sei que preciso me desvencilhar de tudo e seguir um outro rumo. Um caminho que me traga outras pessoas, outra aventuras. Agora desejo aventuras que eu me envolva emocionalmente e que seja possível amar como em outros tempo, amor despreocupado, amor leve, amor que dorme junto, que sonha possibilidades.
Quero que outro vez eu possa sonhar em ser feliz. E não me contentar em apesar devanear.
Chega de férias, hora de trabalho!