31 de jul. de 2012

Trecho 2

"O que ela poderia dizer? Agora encarava o celular e a mensagem que havia recebido. Deveria responder? Soube de imediato que seu coração havia acelerado e seu fôlego baixo e descompassado eram todos reações visíveis a mera mensagem que havia recebido. Era ele. Era ele? Nem podia crer no suas pupilas viam e reliam tentando realmente entender e encorporar a mensagem que parecia pairar no ar. Layla continuava a encarar o celular e sem saber o que fazer, sentiu seus músculos internos se contrair e dar-lhe um pouco dos arrepios que havia esquecido desde a última vez que o tinha visto. Tesão puro e líquido como lava se alocou ali, entre as pernas. Como num flash, ela retornou para a memória recente a imagem dele. Ele cheirava testosterona. Deus, como um homem pode povoar meu imaginário assim se sequer eu o toquei? Seus braços eram deveramente musculosos e suas tatuagens lhe davam um ar tão selvagem e bruto que não combinava com a docilidade dele. Ele tinha uma voz enrouquecida de cigarros fumados, um rosto bruto e um sorriso tão infantil e tão natural. E apesar de toda a máscara e visual masculino e viril, ele era tão gentil que a surpreendia. Sempre era educado demais e a encantava ver aquele homem forte, tatuado em excesso ter uma calma e um sorriso tão contagiante. E naquele mesmo segundo, arrepios fortes percorrem as pernas de Layla e lhe disseram a mensagem que ela mesma lia no celular. "Quero te ver. Quer ver um filme? Estou com saudades e você parece fugir de mim hehehe. Sábado, ás 14 hrs."
Toda aquela masculinidade misturada aquele ar menino parecia confuso mas de certa forma combinava demais com ele. Ela jamais negaria a ele qualquer coisa que fosse, mas naquele instante viu a si mesma sorrir levemente, aquele sorriso de quem combina suas fantasias com um futuro tão próximo."

Trecho 1

"E ali estava ela, deitada e pensando. Aprendendo a analisar o que havia acontecido de tão repentino. Não pode deixar de franzir o cenho e deixar as outras suas duas partes se incluírem na conversa. Fechando os olhos bem pode visualizar o grande gaiola na qual havia aprisionado seu coração á algum tempo. No canto mais escuro e sombrio da cela lá estava ela. Aquela parte de si mesma que, naquele acordo prévio, tinha concordado em viver ali aprisionada. A moça no canto estava encolhida, sentada em posição fetal. Seus cabelos vermelho vivo agora estavam embaçados e sem vida. Caiam em plena confusão ao redor dela. Suas feições eram agoniadas mas reticentes. Ela havia aceitado viver ali, onde nada a tocaria e nem a machucaria como daquela vez. Os braços magros e sem vida, estava abraçando as pernas e como numa posição de medo. Estava aprisionada ali para curar aquelas feridas, aquelas que tinham aparecido e agora ainda fechavam vagarosamente pelo corpo. Uma delas corria do tornozelo até a parte mais alta do quadril, aquela ainda doía muito. Os farrapos escurecidos que ela vestia mal lembravam as roupas que ela tinha usado um dia. Era um ser aprisionado por tempo demais. A única coisa que se moviam eram as lágrimas que incessantemente corriam de sua face deixando sulcos claros na pele suja da prisioneira. Seus olhos permaneciam fechados.
Layla encarou sua cena mental, era fantasiosa mas claramente era real para ela. Era assim que tinha feito para viver, escondido e aprisionado tudo o que sentia. Ali a escuridão jamais permitiria que a prisioneira pudesse sentir de fato o que tinha acontecida, ou assim ela pensava. Layla enfim relaxou e se deixou levar ao sono mais leve que aparecia. Ela podia encarar a situação de frente sem se envolver, ela firmemente pensou e tentou se convencer o máximo de que seria melhor. Seu corpo foi naturalmente levado ao mundo dos sonhos e de um sono leve, onde ela sonhou a noite toda com a sua companheira prisioneira. Mas em seus sonhos, a prisioneira abria os olhos mais verdes vivos que nunca e que alumiavam toda a cela e sorria um sorriso torto e demente e dizia "Sim, nós vamos sair e você nunca vai perceber, alguém vai vir e nos soltar e quando você perceber,  nós voltaremos a gloria de outrora." E nos sonhos turbulentos Layla via  uma mão que abria a cela e o sorriso demente da prisioneira era por demais risonho, triunfal. "