24 de abr. de 2011

Ain't no way - Aretha Franklin

Nessas madrugadas sozinha, é difícil me lembrar do passado. Imagens sofridas, choradas, de momentos em que vi meus sonhos no chão, se misturam a tantas outras. Mas de certa forma, fico até saudosa de alguns deles. Momentos em que aprendi a cuidar de mim, a curtir minha própria companhia. Momentos em que eu olhava pra mim unicamente, e aprendi a me enxergar.  Aprendi a ver essa mulher que eu hoje sei que sou. Agora nessa fumaça de narguilê eu ainda vejo o quanto ainda preciso crescer.
Agora a saudade daqueles dois braços em volta de mim é dissipada, é bom saber curtir a mim mesma, amar a cor da minha pele, cantar algumas canções antigas e poder sentir essa solidão.
Solidão não é sempre ruim. Basta saber apreciá-la.

PS: as vezes eu duvido tanto dos momentos da minha vida, mas na realidade eu ainda deixo de aproveitar alguns deles. Estou aprendendo na prática a viver tudo o que posso, quando devo.


Missing those lips. So much, honey, you wouldn't understand how they match my own. Missing that smile so much, it used to make me smile too. Missing that skin, it’s seems to match mine, make me crumble hard. 
(Sinto falta daqueles lábios. Tanto, querido, você não entenderia como eles combinam com os meus. Sinto falta daquele sorriso, costumava me fazer sorrir também. Sinto falta daquela pele, parecia combinar com a minha, me fazia desmoronar forte.)

Ain't no way - Aretha Franklin
Ain't no way for me to love you                                                                
If you won't let me                                                                                                 
It ain't no way for me to give you all you need                  
If you won't let me give all of me                                            

I know that a woman's duty is to help and love a man  
And that's the way it was for them 
Oh but how can I how can I how can I 
Give you all the things I have 
If you're tying both of my hands 

Oh it ain't no way 
It ain't no way 
It just ain't no way baby 
Ain't no way baby 
It ain't no way for me to love you 
If you won't let me 

Stop trying to be someone you're not 
How come it's true there's a man 
Who payed too much for what he got 
And if you need me like you say say you do 
Oh then, then don't you know that I need you 




15 de abr. de 2011

À minha saudade

Me dói saber da sua distância. Milhas distante de mim. E agora, desejo tanto poder admirar de perto suas pintas que mais me parecem uma constelação que desejo tanto decorar. Já sei um bocado delas, inclusive aquelas que são quase minhas, de tanto que as desejo e do tanto que já me afeiçoei a elas. Já decorei o formato da sua boca, do seu queixo, o sabor da sua boca. Tudo agora tão mesclado que não sei onde sou eu e onde é você em mim. As suas cicatrizes completam esse mapa corporal que eu venho desenhando mentalmente, principalmente pra me reconfortar à noite quando a sua falta se faz. Seu calor as vezes me aquece tanto que chego a suar, noutras, me aquece e espanta o frio que sopra na minha pele. Percebo cada detalhe teu, cada curva suave e abrupta, a dureza dos seus músculos e a maciez dos seus lábios. Ansio agora pelo silêncio que as vezes nos toma quando juntos, porque na verdade ele nunca é incômodo, é como se a nossa presença juntos apenas bastasse pra preencher o espaço vazio. Preciso agora daquela intimidade sua, daquele toque teu que parece não me estranhar mais, não nos é mais permitido estranhar o toque do outro. Quero poder observar suas manias, esse teu olho esquerdo que sempre teima em ficar meio abertinho enquanto você me beija. O jeito como você troca os lábios pela face, como numa brincadeira. Nunca me senti tão frágil, tão inocente descobrindo seu toque, rindo dos arrepios que você me causa ou as vezes perdendo o fôlego em meio a eles. O jeito como me abraça e aperta forte, como se quisesse me manter eternamente ali, no meio dos seus braços. O jeito charmoso que os pelos do seu peito me parecem ser.
E agora, em frente a essa tela, cansada desses dias corridos, sabendo que esse fim de semana não terei o regozijo de dormir nos seus braços, não terei a adrenalina de me maquiar, me perfumar, me arrumar toda só pra você.
E agora, aquela cama me parecia fria, distante, inóspita. Parece fria. Na verdade, tudo fica cinza, frio.
"Foi tudo tão de repente,
simplesmente não mais ficaria sem você.
Sem você, não mais.
Tem coisas que a gente,
faz e diz tanto faz, só diria pra você:
sem você, não mais.
Sem você, eu era sozinho sem saber.
Sem você, nada é inesquecível pra viver.
Sem você, não mais. Não mais."
Não quero dormir hoje, não quero ficar naquela cama sem você. Hoje, amanhã. Não mais.

11 de abr. de 2011

Meu medonho monstro..

Eu falo de todas eu, todas as minhas formas, eu vinha esquecendo dela, daquela maldita da qual apelido carinhosamente de "demônio". É ela, que vê em cada fresta da minha insegurança, do meu medo, uma razão pra começar seu discurso. Ela quer me derrubar, quer causar um estrondo, quer segurar as barreiras no local, assim eu posso ser somente dela. E a cada dúvida minha, ela enfia as garras dentro da minha cabeça e sinto dor, ela abre buracos inóspitos e estranhos na minha mente. Cria dúvidas, cria inseguranças, me desestabiliza. Ontem voltando pra casa, eu não estava só, ela estava ali sentada do meu lado, falando sem parar, sem me deixar em paz nenhum segundo. Ela é crítica, nunca está satisfeita. Ela me quer só, sozinha, só eu e ela. Não quer me ver feliz, não quer me dividir. E eu ainda não sei bem como lutar com ela, e as vezes, principalmente à noite, ela ganha as batalhas. Ela cria incômodos que antes não haviam, faz nascer uma lista de razões, cria motivos escusos, rotula tudo de uma forma ruim e bizarra. Ela quer acabar com a minha paz. Ela não se contenta com a calmaria, ela gosta do sujo, do mal arrumado, do dolorido, daquilo que não me faz bem. E por tantas noites ela tem me perturbado e me feito sonhar com o passado que tanto me machucou. Ela não consegue entender que o passado deve ficar onde está, que não sinto saudade da infelicidade solitária que eu vivia.
Sim, eu a havia esquecido, e agora que vou ficar sozinha, ela decididamente resolveu acordar. Será o medo da minha solidão esse mês, esses longos dias que se aproximam? Será que foi esse medo que a acordou?
Como vou lutar contra ela? Como vou derrubá-la? Queria eu ter forças essa noite, e acordar desejando ser feliz de novo, sem lembrar que ela que vai dormir comigo esse próximo mês.
Ela se senta agora no canto do meu cérebro, de espartilho vermelho e cinta liga, cabelos negros e enrolados, com um copo de absinto na mão e um canudo, me olhando com esse olhar sedutor e sorrindo maliciosamente de quem sabe que vai me dominar essa noite. E eu olho pra minha mão direita, desejando que esse anel me desse forças essa noite. Só essa noite.