Nos últimos dias tenho me deixado pensar e refletir sobre tudo o que tem acontecido no último ano. Talvez este ano eu tenha visitado várias partes interessantes e até então, obscuras de meu ser.
Talvez este tempo tenha até me permitido terminar de digerir tudo o que aconteceu nesse meu último namoro. E pela primeira vez em minha breve mas intensa vida, eu posso me dignar a usar estar palavras. Foi um tempo considerável, onde gastei uma quantidade de energia considerável também. Ainda sinto saudades daquele amor doce que eu tive por Victor. Era cheio de esperanças, nunca duvidava e me fez mover algumas montanhas. Mas então eu percebi que mesmo sendo forte, ainda sou frágil e não ia conseguir mudar minha vida inteira por ele. Mas foram com certezas as noites mais doces e cheias de gestos românticos, daqueles que fazem as mocinhas sonharem por muitos anos a fio. Uma das poucas graças que tive e que se me permitir, irei contar com nuvens brilhosas nos olhos.
Nunca haverá uma sensação de arrebatamento maior do que a sentia perdida em seus carinhos noturnos, ambos desajeitadamente deitados em nada mais que uma camiseta ou vestido, ambos nus sob a luz da lua. Ainda me lembro de como o tempo parecia voar tanto e o dia começava a raiar e a gente se despedia para dormir. Eu era embalada pelo toque que parecia nunca abandonar minha pele. Talvez guarde ainda com tanto carinho nosso momentos porque nosso fim foi devido à distância. Não é e nunca será um motivo suficiente. O motivo que realmente me fez ver que nunca ficaríamos juntos foi o tempo. O tempo me fez ver que a idade importaria, a distância, nosso mundos, tudo era distante, mais distante que os 1800 quilômetros que nos dividiam.
Eu aprendi a confiar nos meus instintos, a me deixar levar pelos sentimentos mas também a pensar mais. Eu demorei dois anos para enfim dar o devido adeus a nós. Mas ainda desconfio que quando o vir, o mesmo arrepio velho vai ainda me perseguir.
Sai de tudo aquilo, dois anos de relacionamentos falhos, tentativas frustradas de esquecê-lo sabendo que uma hora teria que acontecer. E quando aconteceu, acordei daquele sonho, mais esperta, mais decidida de que aquele que se mostrasse valoroso o bastante para ganhar meus afetos, deveria ao menos nunca desistir. Foi a coisa que Victor me ensinou: o verdadeiro amor, aquele que ama, não desiste.
Mas então Renato me ensinou muitas outras coisas. Foi de longe o relacionamento mais real e mais complicado. Porque tudo era muito ardente. Nem a Victor eu desejei tanto. Bastava uma memória minha de como era o seu corpo para que o desejo já me incendiasse. Mas então passei muitos meses tentando entender o que sentia por ele. Era tudo diferente. Não era os mesmos sentimentos. Duvidei veemente deles, mas eles se mostraram pacientes à minha compreensão. Hoje talvez entenda que eu estava tentando amá-lo menos irracionalmente. Meu sentimento era racional, pensado, calculado, não surgiu do nada. Mas ele parecia preencher todas as lacunas. Até que os verdadeiros buracos apareceram.
Tudo era muito devotado à ele. Não saía mais com meus amigos, não fazia mais o que gostava, e minhas frustradas tentativas de inseri-lo em minha vida real foram frustradas. Comecei a sofrer muito, porque não conseguia entender. Terminei, voltei. Fizemos isso mais de uma vez. Sinceramente, perdi as contas, dos meses que ficamos juntos e de quantas vezes terminamos e voltamos. Nesse meio tempo, eu fiquei com outra pessoa. Mas sinceramente, foi como abrir os olhos, eu estava demasiadamente acostumada com Renato, e aquela pessoa parecia perfeita, muito mais adequada. Mas não havia química.
Me surpreendi por ver este rapaz entristecido com minha sinceridade de falar. O magoei e me sinto ainda muito culpada por ter feito aquilo. Mas havia algo mal acabado a resolver. Voltei com o Ex, e talvez tenha sido diferente por um tempo. Mas mesmo o vidro quando se quebra não volta a ser nunca mais a reluzir da mesma forma.
Com o tempo, comecei a enxergar tudo claramente, vi que os sentimentos estava acabados, eu estava presa numa ilusão de que poderíamos melhorar, cansada das brigas. E quando minhas forças se minaram, ainda assim encontrei forças, e sinceramente, eu ficava com o coração mole perto dele. Mas então, muito pior que eu imaginava, vi o rastro de uma teia, e quando uma mentira aparece, você descobre sempre que ela está ligada a uma real teia cujos tamanhos podem ser inemaginados.
Muitas pessoas boas, comovidas com o que viam, me contaram as verdades. É exatamente como mamãe dizia, a mentira tem sempre perna curta. Ainda sinto o amargor da decepção mesmo agora, porque confiei inteiramente nele. Confiei que ele seria sincero, que ele não mentiria, que ele jamais me destrataria. Jamais me faltaria com respeito ou seria maldoso. Ele foi tudo isso. As pessoas me contaram e então eu desabei. Chorei muito, mas as lágrimas derreteram e então apareceu a raiva. Muita raiva. Raiva porque não merecia receber aquilo.. Não merecia ser tratada com tanto descaso, não quando fiz das tripas coração para tentar ser razoável, quando fiz de tudo para não o chutá-lo como a um cachorro na rua, porque ele passou por mais bocado e então engoli muita coisa porque achava que não era a hora certa.. Nunca imaginaria que aquele que eu escolhi, acolhi em meu peito, aprendi a conviver com os defeitos, engoli cansaços e a minha própria vida para que pudéssemos viver juntos, logo ele seria o grande traidor.
De todos os casos, é a primeira vez na minha vida que saio sentindo nada. Não sinto afeto, nem raiva, nem dó, nem piedade, nem a raiva. Até ela se foi. Porque ele conseguiu isso. Eu decidi fazer dessa história uma página arrancada de meu livro, uma de que eu não quero lembrar, não porque vai doer. A dor que sinto não é por ele, é por mim. É de ter sido feita de idiota. Logo eu.
Saio disso aprendendo a ser mais arisca, a esperar a pessoa me procurar e se provar valorosa do que sou capaz. Neste meses aprendi que sou capaz de tanta coisa, em nome de sentimentos desconhecidos.
Mas agora tudo jaz no lixo, ao contrário de todas minhas histórias que deixam as cicatrizes que me orgulho de empunhar, este é uma grande vergonha. Vergonha por ter vivido tanto com alguém desconhecido.
Desde então tenho vivido uma série de aventuras interessantes. Algumas delas mais que outras. Todas aventuras. E todas me ensinando que o que procuro, está longe de ser encontrado. Bom, se eu dissesse que meu último afeto é apenas uma aventura, estaria dando um final antecipado a ela. Talvez o meu mais novo escolhido se mostre diferente, ele já o é em vários certames. Mas espero pouco.
Mas estou certamente muito desencorajada desse meio de viver, dessa capacidade incansável de meu coração de achar de que o amor é essa necessidade vital. Estou à procura de outros mundos.
Digo a você, meu doce e ingênuo coração, você tem sido meu mais fiel companheiro. Ninguém sobreviveu a tudo ao meu lado tanto quanto você, só você sabe a dor física e emocional que compartilhamos. Só você sabe como os anos exilado foram duros e como aprendemos tanto com eles. Sabemos no mero respirar da brisa que o tempo e o destino tem seus caminhos desconhecidos à nós. Sei também que você é mais forte do que aparenta e tem conseguido sobreviver à essas torturas cada dia melhor. Você tem aprendido a usar os sofrimento de forma gradual, já tínhamos sofrido tanto nessa última história que ao fim, você já havia sofrido o suficiente para entender a necessidade do fim. Mas não podemos mais, meu amigo. Precisamos desbravar outros mundo, outras sensações, precisamos ver outros mares. Estamos tanto eu quanto você, empolgados com essas possibilidades. E desta vez não vou deixar que nada fique em nosso caminho. Mesmo que você se enamore deste novo rapaz, ainda assim manterei nosso plano. Somos desejosos demais de outros desafios, já entendi que o desafio do amor vai me requerer mais paciência e sorte do que coragem. E preciso de usar mais minha coragem.
Meu caro amigo, já entendemos tantas coisas não é? Já entendemos que o sexo é algo bom, mas que está longe de ser a nossa necessidade primordial. Já me mostrei capaz de ser uma amante esforçada, e você de alimentar o fogo de minha imaginação. Meu caro, te convido à outros mares desconhecidos e quem sabe aprendemos e nos inspiremos com novas aventuras.
Agora costurada, sinto-me frágil, mas agradecida deste descanso que tive. Estou tento o devido tempo de organizar várias coisas em minha mente. Mas o desejo de ver o mundo, de conhecer outras línguas, outras religiões, esse desejo que aparece batendo ritmicamente dentro do peito, ele sempre esteve ai.
Ainda que com os livros românticos que leio, sei que meu coração é desejoso de um amor, um desses que mereçam um livro best seller. Mas isso não será mais minha prioridade. Vou me focar. Preciso me focar. Preciso vencer um lado insistente que vem borbulhando ali, rente a superfície, mas contido. Como um vulcão adormecido que calado, ainda assim transmite a necessidade de ser fulgáz.
Este desejo penetrante é sempre acordado por meus livros recheados de aventuras, ele sempre é um estado inerte, existindo sempre e despertando como tal tigre adormecido que sempre existiu em mim.
Todos estes acontecimentos tem me ensinado que o meu desejo de ser grandiosa, de viver coisas mais grandes e dignos de páginas de livros do que de contos à netos. Sou desejosa por demais de viver muitas aventuras, estou agora devidamente me acertando à elas.
Desejo fortemente, um desejo que exprimo ao universo, que tudo me seja revelado na hora certa, que eu possa viver estas aventuras.