28 de nov. de 2010

Tão rapido...

Tão rápido e fácil como criei minha bolha de felicidade, que emana luz, tão fácil e reluzente quanto uma bolha de sabão, eu a deixei estourar hoje. Aliás, ela vem ressecando desde sexta, quando a atual do ex me ligou, numa espécie de investigação criminal. Não menti, mas não fui injusta, achei que seria o mais certo falar tudo o que devia mas não o queria machucar, não sinto a necessidade da vingança.

23 de nov. de 2010

Um sem tido sem sentido

A trivialidade das palavras
hoje quer me mostrar um terço
um pedaço, uma oração
uma concentração de uma mente em mantra
que repete sem sentido
uma pequena frase
sem jamais ter se traduzido
sem tido sentido um dia

O vermelho das minhas unhas
esbanja energia e fugacidade
transborda nas pontas dos meus dedos
uma energia sem revés, sem sair
revogo então minhas emendas constitucionais
faço de você minha ação normativa
que todos tenham direito de sonhar
um sonho bonito que um dia tive direito
e um dia eu também criei minha constituição
sem constituir você
e assim você ficou sem eficácia, sem efeito

Minha pequena grande solitude

As vezes eu gosto de reclamar da minha solidão, mas só as vezes. As vezes ela se torna minha grande companheira, a grande testemunha da minha vida, a senhora que me assiste afundar na leveza dos meus pensamentos.
É triste me ver tão monja, tão celibatária, tão reclusa. Um ser tão ativo e tão grandioso, capaz dos saltos mais mortais em direção aos sonhos mais escabrosos, agora retido em constituições, raciocínio lógico, direito administrativo. Não há mais elucubrações, não há mais criação, só há o silencio dos meus 100 anos retidos em 23. Me sinto velha, desprovida de capacidade de viver algo novo. Me sinto despreparada, como uma garota que pospõe a perda da virgindade para quando estiver preparada. Me sinto exatamente assim, despreparada para o mundo.
E no entanto me sinto tão confortável na minha própria pele, somente eu, somente nós duas, me vejo me amando tanto, mas tanto, que nenhuma companhia é boa o bastante. Ninguém parece bom o bastante. Que grande virada da mesa, antes achava que eu nunca ia achar ninguém, agora não acho que eu vá achar alguém o bastante para mim. Sou tantas, tão complexa. Sou sexo, sou paixão, sou afeto, sou inteligência, sou discussão, sou briga, sou silencio, sou meditação, sou sozinha. Agora sei que ser sozinha não é o mesmo que estar sozinha. É ser tão original ou errada ou complexa ou perspicaz. Ao fim nem sei se sou um erro bom, passível de vinculação, podendo ser aproveitado, ou erro de acerto, como aquelas curvas erradas quando estamos perdidos mas que nos levam ao local certo. Sendo certo ou errado, sou complexa, de um tanto, que ninguém vai ser capaz de corresponder a isso, agora sei, deveria ter ficado com ele, era minha pequena migalha, mas era minha. Era tão pouco, tão estranho, tão simples que a minha matemática conseguiu resolvê-lo tão fácil que eu não me entreti. Era um sexo que partia de mim, era algo que se eu tivesse plantado, regado, talvez pudesse crescer para uma mísera flor. E morreria. Foi isso que eu previ, e a matei antes mesmo de brotar.
Agora ficou eu, amando a mim, gostando de mim, sendo minha alma gêmea e ainda assim, me sentindo triste por não estar triste. Saudade das antigas melaninas que me preenchiam por dentro e por fora. Agora são albinas. sem cor.

20 de nov. de 2010

Um futuro incerto...

Ah, eu gostaria de lhe dar palavras certas, de te contar um futuro certo, tão certo como uma estrada que tem fim.
Eu gostaria de lhe contar sobre minhas idéias como se elas fossem se tornar um amanhã claro em frente ao mar.
Eu gostaria de sentar sob a sombra de uma árvore mansa e sob uma brisa regular lhe falar como amanhã seria, como depois de amanhã seria. E assim, infinitamente. Mas o amanhã se torna uma mancha dentro da palma da minha mão que escorre sem direção, sem porque, sem corrimão.
Eu posso então lhe dizer sobre um passado. Mas isso não seria novo. Nem seria excitante. Acho tremendamente mais interessante as páginas de um livro novo, uma história nova!
"... e então os olhos delas era súplicas incessantes de que eu me aproximasse mais, e apesar de toda minha insegurança, meus instintos me empurravam para frente numa velocidade suave, esperando que o olhar dela continuasse a gritar o sim tão claro que eu via. Os lábios dela me pareciam uma espécie de fruta carnosa pedindo para ser mordida. A minha sede se tornava tamanha. Eu pensava não respirar, e cada centímetro de avanço a expectativa me fazia tremer por dentro, como se dentro dos lábios dela eu fosse achar alguma espécie de chave para os portões do paraíso. Parecia que lá de dentro eu teria a resposta para todas as perguntas do universo. Eles me atraiam e ao mesmo tempo me amedrontavam e então me puxavam mais para perto como se eu estivesse sob alguma espécie de hipnose.
Beijá-la foi a coisa mais estúpida que fiz, mas naquele instante parecia a coisa mais certa que já havia feito na vida. Foi como conectar dois fios descapados e os tocar ao mesmo tempo, pura energia, uma profusão de sensações e hormônios que pareciam acelerar meus batimentos, aumentar a pressão do meu sangue, lubrificar a minha boca de mais saliva, retesar a musculatura de meus braços, inflar de sangue a parte baixa de meus órgãos como se eu estivesse possuído de uma certa vontade que ia além da minha razão.
Deixá-la foi a coisa mais fácil que fiz. Tudo se esvaiu tão rápido como se eu estivesse apenas seguindo o fluxo de uma corrente de água, que me levava para longe, muito longe dela.
A coisa mais difícil que ja fiz? Tentar esquecê-la, ela é uma espécie de cicatriz na palma da minha mão que prejudicou toda  a forma de fechar ou abrir a mão, ela é uma órgão extirpado, meu corpo já funciona bem sem ela, mas ainda esta lá, a cicatriz, o espaço em branco dentro de mim.
A coisa mais inteligente que fiz? Entender que ela é uma parte de mim, seu fantasma é uma espécie de lembrança de mim mesmo naqueles dias, da mágica dos nossos toques, das gotas de suor que brotavam de minhas costas enquanto fazíamos amor, da intensidade com que ela me beijava e parecia que o mundo inteiro não importava.
E então lá estava eu, com o coração preso no fundo da garganta, encarando os painéis de desembarque, gotas de um suor apreensivo brotavam dentro da minha jaqueta embora o frio fosse nauseante. Meus olhos procuravam alguma forma de conforto em qualquer coisa no meio da multidão: olhos, rostos, lojas, qualquer coisa. Eu não sabia ainda bem como iria cumprimentá-la, um oi, um abraço, um aperto de mão, deveria fingir que não me importo? Deveria dar uma atrasada para parecer que eu nunca senti a falta dela? Deveria sentar num daqueles banquinhos em frente e rezar para que ela me encontrasse? A indecisão borbulhava dentro da minha cabeça como uma enxaqueca, uma ressaca de tanto pensar nela desde aquela ligação.
O vôo nunca chegou, ou se chegou eu não estava lá. Decidi ir embora depois de esperar a saída de todos os passageiros."
Minha vida continua lá, no aeroporto, esperando pelas minhas respostas!

4 de nov. de 2010

Ah, se eu pudesse...

Se eu pudesse te dizer a verdade, ainda assim eu mentiria.
Se eu pudesse te encarar e fazer o que der vontade, ainda assim eu me seguraria e apenas sorriria.
Se eu pudesse te esquecer, só por amor ao saudosismo, eu te lembraria.
Ah, e sim eu posso muitas coisas. Eu posso coisas demais. E simplesmente por poder todas elas é que eu também posso não fazê-las. E não as deixo de fazer por ego, as deixo de fazer por mim, que é maior que um ego. Eu as deixo de fazer porque preciso. Porque quero que seja um fim. Um fim de uma doença que agora se declara em remissão.
E acima de tudo quero me sentir livre, equilibrada e para isso é necessário muito mais. É preciso te amar de memória boa, é preciso me achar mais maior de grande!