25 de mai. de 2014

Coisas que eu gostaria de ter a coragem de dizer hoje...

Acho que eu sempre fui meio patética, meio uma boba apaixonada. Lembro como eu gostava de escrever romances apaixonados e imaginar as grandes histórias de amor que eu iria viver. Eu era uma menina doce, ingênua que esperava que um dia as coisas fossem ser diferentes. Foi uma adolescência difícil, existem velhos demônios que eu ainda combato, ainda é difícil ter uma auto estima boa em certos dias, ainda é uma hábito esperar o pior da vida mesmo tendo uma esperança patética de que uma hora a vida vá me dar o que eu sempre esperei. Ainda sou carrasca comigo.
Culpo a Disney e todos aqueles contos de fadas, contaminaram a minha mente. E todos os relacionamentos falidos que tive, só me serviram de uma coisa: aprendi a guardar o romance pra mim. E descobri uma técnica infalível para os dias que eu mais precisar de romance: livros. Tipo essa noite, que eu virei lendo um romance. Ai eu até chego a rir, chorar, me excitar e achar que que nem aquela menina que sofre a história toda, eu também vá ter direito ao meu happy ending.
De todas as pessoas que eu conheci, você sinceramente é singular. Todos os meus relacionamentos eu consegui manter numa barreira, enxergava defeitos e coisas que me incomodavam, usava aquilo como uma parede que me mantinha a salvo de sentir tudo, de me envolver e me entregar 100%. Foi a única forma que eu encontrei de me proteger. E funcionou bem, bem, até hoje. E foi só também recentemente que eu entendi isso.
Por eu ter tido tantos problemas de auto estima, minha vida amorosa demorou a deslanchar, e talvez por isso eu tenha tido experiências com as pessoas que surgiram, eu nunca me senti como se pudesse escolher, sempre senti que deveria ser grata pelos caras que olharam e enxergaram. Patético à beça, eu devo dizer, mas eu sempre me senti assim. E a primeira vez que eu vivi algo meramente recíproco, aquela coisa perfeita, que eu jamais vou esquecer na vida, eu agarrei aquilo com todas as forças. Sofri longos anos por algo que aconteceu 15 dias nas férias da praia. Criei um ser que não existia, acreditei piamente no que a gente tinha vivido, e meses depois, soube que precisava terminar com ele. E a dor que eu senti no peito, só posso comparar à um ataque cardíaco. Só não sabia que aquilo ia me marcar ao ponto de jamais deixar ninguém entrar de verdade.
Depois disso, as pessoas vinham, mas nunca entravam, ele ainda estava lá. Foi duro e ainda hoje vejo o tanto que isso me marcou. Acho que depois do meu ex, que foi o primeiro relacionamento verdadeiramente saudável (dentro do possível), foi que eu comecei a me curar. 6 longos anos pra me curar e acho que ainda tenho coisas pra consertar aqui dentro. Mas meu ex, que hoje é um amigo sensacional, me ensinou que eu precisava de alguém que cuidasse de mim com a mesma intensidade que eu cuido de todos, aprendi que eu queria um alguém que fosse mais como eu.
E foi por isso, que depois de entender o problema que ele tinha com a bebida, e ver que eu não ia ser capaz de fazer ele entender que aquilo era uma doença, eu fui embora tão fácil, tão rápido. Eu finalmente entendi que meu instinto sempre me disse quando ir, quando é tempo de ir sabendo que tudo que podia ser feito foi feito. E foi também depois disso tudo que eu finalmente fui tirar um tempo pra cuidar da bagunça que morava aqui dentro. E ai eu mudei, perdi 30 quilos, encontrei o ballet como realmente o meu hobby, e comecei a viver uma vida que eu achei que nunca ia viver.
Por isso mesmo eu vivo uma fase particularmente muito boa na minha vida, tudo tem mudado, tudo tem sido fantástico e incrível porque eu me sinto uma mulher mais madura, mais consciente de quem realmente sou, me enxergo melhor, me sinto mais tranquila e mais em paz sobre quem sou e o que sou capaz.
Justamente por isso eu insisto tanto em você. Por mais que meus amigos vivam dizendo que eu deveria ir embora, porque eu sei o quanto é difícil encontrar alguém que eu não veja defeitos. Alguém que me fez sentir coisas que eu já tinha esquecido. Alguém que me fez pensar que talvez eu possa ter o final que eu gostaria de ter. Mas essa esperança tá morrendo, e eu tou perdendo o vigor junto. Porque eu tenho tentado ser paciente com os seus bloqueios, mas eu mostrei os meus, não recebi o mesmo tratamento. Simplesmente nem entendo mais porque você ainda me procura, porque se não tem coragem de deixar as coisas acontecerem, porque ainda manda mensagens de bom dia? Porque ainda insiste em ter DR's virtuais? Porque se importa quando fiquei distante?
Nada no mundo me faz entender como você pode dizer que gosta, que quer, mas que não tem coragem. Porque depois de ter sofrido tanto com pessoas que eu não quis, que eu aceitei porque pareciam ter enxergado alguma coisa em mim, quando eu finalmente escolhi algo, falei "pronto esse é o cara, o cara que eu quero acordar junto, que eu quero pensar em filhos e em um futuro junto", quando finalmente tenho lutado por algo que eu quero, que eu sei que pode dar certo, a decisão não está comigo. Nada que depende dos outros na minha vida dá certo, essa é só mais uma delas.
Sinto que você derruba as minhas barreiras, porque a muito tempo eu não tenho sentido essa inquietação, a muito tempo não choro por ninguém. E é dificil pra cacete quando minha mente fica gritando que eu tou sendo idiota, e meu coração acredita tão piamente em você.
O fato de não falar com você por mensagem acaba comigo, quando a gente tá bem é uma sensação de que tudo voltou pro lugar certo no mundo.
Tou aqui, sentada, desabafando como fiz tantas vezes no passado, com minha tela em branco porque ela me escuta e não me julga, não apenas diz "poxa que triste". Acho que talvez eu esteja começando a entender que aos poucos vou ter que desistir de você e caralho, isso tá me matando.
E como meu instinto ainda não acredita, não posso ir embora, não posso ir pensando nos "e se..."se eu for é pra realmente saber que não temos jeito.
Ainda hoje, vou dormir sonhando com a possibilidade de você acordar, decidir me dar oportunidade pra fazer você feliz. Ainda hoje vou dormir triste, vou chorar quietinha porque se tornou muito difícil encarar a possibilidade de ir embora.